O “sobrinho”

Na essência o sobrinho é o filho do irmão ou irmã.
Também é considerado um sobrinho,  o filho dos cunhados.
O sobrinho, normalmente,  é o orgulho da família: é o querido, inteligente, divertido.
Mas o termo sobrinho também passou a ser sinônimo para levar vantagens.
Como ele está sempre por perto, os parentes o chamam para dar uma “mãozinha” e, como é inteligente, ele sempre tem uma solução, principalmente na área tecnológica, pois é da geração Y ou Z.
A tia comprou um celular novo e não sabe como configurar? Chama o sobrinho.  O notebook do tio travou?Chama o sobrinho. Encantados com o resultado, sempre dão um “dinheirinho” para o sobrinho.
O sobrinho normalmente só estuda e não trabalha e, “de bobo não tem nada”, já viu que pode lucrar com esses “favores” , seja o retorno monetário ou troca de “favores”.
As necessidades e ambições do sobrinho vão aumentando com o passar do tempo. A mesada que recebe não é o suficiente para ir às festinhas, tomar um sorvete com aquela paquera, pegar um cineminha ou, viajar com os amigos.
O amigo do tio tem uma empresa e precisa de um site? A indicação é certa! O tio todo orgulhoso indica o sobrinho que entende tudo de tecnologias.
O sobrinho corre para a internet e olha os tutoriais “Monte você mesmo o seu site”. Bingo!!!
Ele “monta” o site e entrega para o amigo do tio, que fica feliz, principalmente por ter um site, pagar uma “mixaria”  e ainda por cima ajudar o “guri” que é esforçado.
E assim continua, com um ou outro que aparece, ele vai “fazendo” sites e ganhando seu dinheirinho.
Ele não estuda sobre o assunto, não faz nenhuma formação a respeito, pois não precisa, ele já nasceu sabendo tudo de internet.  Ele só precisa fazer propaganda do “negócio” e trabalhar em casa. Barbada!!!
Um belo dia um liga e diz:  “meu site foi hackeado. Tem backup?  NãoAi meus deus!”
Outro diz que não aparece no Google, tem que ser otimizado. Como assim?
Mais um reclamando que os e-mails estão voltando: “os clientes não estão recebendo os e-mails.”, e aí vem uma resposta tranquila do sobrinho: “esta é fácil, liga para eles ou usa o Whats, né tio?”.
Tem aquele outro que não está conseguindo inserir conteúdo ou que as imagens estão desproporcionais: “mas para que mudar conteúdo? “
Sem contar com aquele outro que está sendo processado por utilizar imagens sem autorização, pois o sobrinho pegou na internet: “tavam lá mesmo: é tudo liberado”.
Desespero?
Nada, agora ele nem faz mais isso!
Até porque o sobrinho já está entrando na faculdade e fazendo um curso completamente diferente, portanto não é o foco dele e ele não tem mais tempo para “montar” sites.
Os tios e amigos terão que pagar um profissional de verdade, que atendam as suas necessidades. Isso se ainda tiverem os seus domínios.
O barato sai caro!!
E assim, vemos todos os dias e em todas as áreas os “sobrinhos” soltos por aí.
Tem sobrinho engenheiro, arquiteto, eletricista, mecânico, enfermeiro, coaching (que é a moda do momento)…
A responsabilidade do sobrinho se resume em:
– Ah tio, eu só “tava” quebrando um galho, fazendo um favor.
Bons profissionais investem tempo, dinheiro e disponibilidade para exercer seus ofícios e acompanham os processos de seus clientes do início ao final.
Em nome da crise, muitos querem economizar e recorrem aos sobrinhos e estes pipocam de tudo quanto é lado para se “dar bem”.
Eu tenho muitos anos de profissão e de formação, mas continuo a fazer cursos e especializações. Não tenho nem mais como mensurar quanto  já investi no meu conhecimento. Mas até hoje me deparo com alguém querendo um “favorzinho”, pois eu sei, que na cabeça da pessoa não vai me custar nada ajudar.
Infelizmente a cultura do “sobrinho” persiste.
#Fica a dica: contrate um profissional, solicite referências.

Lucia Costa
Analista de Sistemas

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